AUTOR: John Green
EDITORA: WMF Martins Fontes
PÁGINAS: 229
SINOPSE: Era uma vez um poeta morto. Mas essa não é a história desse poeta e nem se trata de um conto de fadas para ser iniciado por "era uma vez". Essa é a história de Miles Halter, o garoto franzino de poucos amigos que, motivado pelas últimas palavras daquele tal poeta, decide estudar no colégio interno Culver Creek, onde talvez faça amigos, talvez conheça garotas e talvez, apenas talvez, encontre o seu "Grande Talvez", o mesmo que vem procurando desde que leu sobre ele na biografia de François Rabelais, o poeta que só foi em busca do seu Grande Talvez quando já era tarde demais.
Antes de mais nada, me sinto obrigado a explicar essa nota. Geralmente classifico os livros em notas de um a cinco e então exponho essa catalogação aqui, sem muita explicação; seria apenas uma exposição de minha opinião. Mas não dessa vez. Três vitrolas é uma nota baixa para esse livro e fiquei tentado a aumentar mais umazinha, para ser um pouco mais justo com esse excepcional escritor. Mas não o fiz, e lhes explico o porquê:
Antes de ler "Quem é Você, Alasca?" eu já havia lido outros dois livros do John Green: "A Culpa é das Estrelas" e "O Teorema Katherine", e embora não os tenha resenhado aqui, gostei muito dos dois. Este terceiro livro que leio do autor, que aliás foi o primeiro que ele escreveu, também tem seus méritos. É um livro profundo, com questionamentos plausíveis e extremamente reais; mas deixa a desejar em questões de ritmo e de sentimentalismo. O início do livro é lento, e mesmo a escrita de Green sendo fácil de se ler e bastante informal, ela não consegue prender o leitor por si só; acabamos tendo que ter em mente que depois vai melhorar. E melhora, muito mesmo, mas quando o livro chega em seu clímax, quando ele tenta transmitir uma densidade enorme de sentimentos, acaba pecando outra vez.
Mas deixemos esses pontos de lado. John Green escreve mais do que um livro sentimental: Escreve um livro real. É surpreendente como consegue criar personagens tão cheios de defeitos, e mesmo assim fazer com que sejam carismáticos aos olhos do leitor. Miles é egocêntrico e cheio de autopiedade. Alasca é impulsiva, bipolar e, como o título deixa claro, indefinível. E, mesmo assim, acabamos nos apaixonando por ambos. São criados momentos ímpares, cheios de significados para os personagens e que acabam incluindo o leitor também. Em determinados momentos, os personagens centrais têm diálogos tão espirituosos que nos dá vontade de estudar em Culver Creek também, aguentando todo o calor do Alabama, só para fazer parte da turma.
O livro é dividido em capítulos cujos nomes são o número de dias faltantes para que determinado evento aconteça. Esse evento não é abordado antes de efetivamente chegar, portanto a curiosidade do leitor é aguçada sempre que chega a um novo capítulo e percebe que o evento está ainda mais perto. O evento em si é um ponto de virada no livro, e embora eu não possa falar sobre ele, caso contrário estragaria a experiência de quem se interessou pela obra, posso dizer que trata-se do clímax do enredo, onde todos os personagens irão evoluir e o leitor vai perceber o quão verossímil é essa evolução, procurando-a também, como quem procura um Grande Talvez.
Mais um ponto interessante da história é como quase todos os personagens têm apelidos. Miles é, ironicamente, "Gordo"; seu colega de quarto é "O Coronel" e o reitor do colégio é "O Águia". Esse detalhe acaba fazendo com que nos identifiquemos ainda mais com a história, afinal, todos nós já tivemos apelidos.
A paixão de Miles por últimas palavras não é resumida na sua busca pelo Grande Talvez, de François Rabelais. Green trabalhou essa parte de maneira genial, em diálogos entre ele e seus colegas, que perguntavam, fascinados, quais eram suas últimas palavras favoritas. As últimas palavras de Simón Bolívar foram "Como sairei deste labirinto?" e tal labirinto é objeto de estudo para Alasca e Miles, que buscam entender se trata-se da vida, da morte ou mesmo do sofrimento ou da dor.
No final do livro, após o tal evento e todo o desfecho; a lição que fica é que a vida é tão inconstante quanto Alasca, e que, se não partirmos em busca de um Grande Talvez, pode ser que percamos a oportunidade de fazer alguma coisa realmente incrível. John Green, mais uma vez, conseguiu transmitir uma dose carregada de realidade por meio de uma escrita sutil e quotes geniais. Esse não é um livro para tomar como favorito, mas para reconhecer que a sua vida não é tão diferente da de Miles Halter, Alasca Young, Coronel ou qualquer outro personagem. Nossas vidas são labirintos compostos de talvezes, e podemos encarar isso como uma prisão de sofrimento, ou partir em busca de um talvez que realmente valha a pena.
Adorei a resenha, e estou muito ansiosa pra ler esse livro! <33
ResponderExcluirParabéns pelo blog! =D
Ana,
http://contos-de-duas-doidas.blogspot.com.br/
Achei esse livro tão bleh, mas adorei sua resenha, parabéns.
ResponderExcluirBeijos.
http://codinomelizz.blogspot.com.br/
Que bom que gostaram, Ana e Carla. (:
ResponderExcluirComo eu disse, o problema que encontrei no livro foram os relacionados ao ritmo e ao sentimentalismo; no mais, achei tão bom quanto qualquer outro livro do John Green.
Grande abraço às duas!
Uma pena que você não gostou muito Arthur. Esse livro é um dos meus favoritos <3
ResponderExcluirDiscordo com você em alguns pontos, o livro, pelo menos para mim, me cativou desde os primeiros capítulos e achei bem sentimental, sem ser meloso. A história como um todo é cheia de reflexões e passa uma mensagem bem legal. Em muitos aspectos, acho esse livro bem melhor que A Culpa é das Estrelas, estou muito ansioso pelo filme!
Abraço,
umviciadoemlivros.blogspot.com
Pois é, Felipe, ja ouvi outras opiniões como a sua. Gosto de como um mesmo livro pode produzir diferentes resultados na mente de seus diferentes leitores.
ResponderExcluirQuanto à mensagem que o livro passa, concordo contigo, ela é fantástica e muito inspiradora.
Não acho correto comparar esse livro com o ACEDE, devido suas temáticas e abordagens divergentes, mas já que você tocou no assunto, acho que ACEDE supera muito esse primeiro livro do Green, tanto por sua maturidade ao tratar sobre o tema do câncer, como por conseguir conduzir as emoções do leitor com mais facilidade. Todavia, ainda assim meu livro favorito do John Green é O Teorema Katherine, então acho que a nossa opinião para com um livro não depende unicamente dele em si, mas de como estamos nos sentindo ao lê-lo e se vamos nos dispor a refletir sobre as perspectivas que o livro abre...
Enfim, melhor eu parar de falar antes que o comentário fique maior que a resenha, haha.
Grande abraço!
Olá Arthur!
ResponderExcluirÓTIMA resenha!
Eu já li o livro e compartilho da sua opinião sobre o livro. Quando o li estava muito ansiosa, pois sempre tinha visto pessoas falando muito bem sobre ele. Acabei gerando uma expectativa alta e por fim, me decepcionando. Não achei o livro ruim, mas esperava bem mais dele.
Se quiser ler a minha resenha, segue o link:http://literalizandosonhos.blogspot.com.br/2014/04/resenha-quem-e-voce-alasca-john-green.html
Beijos
Li
literalizandosonhos.blogspot.com.br
Que bom que gostou, Aline. (:
ResponderExcluirO livro, pra mim, ficou melhor depois que terminou. E isso não é ironia, mas reflexão.
Durante a leitura eu me incomodava com a lentidão do enredo e com as emoções sendo sugeridas, e não transmitidas. Depois de terminar o livro, o que restou em minha cabeça foi a história em si, pura; e a mensagem que ela transmite.
Portanto, justifico o que disse no final da resenha (sobre esse não ser um livro para se tomar como favorito) da seguinte maneira: Ele peca em alguns pontos enquanto livro, mas é surpreendentemente marcante enquanto mensagem.
Grande abraço!
Olha eu de novo com as contradições.
ResponderExcluirAinda não me decidi a ter coragem de ler John Green. Decididamente não lerei A Culpa é das Estrelas de primeira, sei que praticamente morrerei desidratada...
Estou me dúvidas se começo por esse mesmo ou por Cidades de Papel, mas desse ano não passa.
Ganho olhares tortos também por isso!
A Rainha, Ana P. Maia ♛ - Venha conhecer o Castelo!
http://booksandcrowns.blogspot.com.br/
Adorei a resenha, principalmente esse último parágrafo :D .. Esse é um livro que pretendo ler, então sua resenha já me ajudou!
ResponderExcluirhttp://www.combomental.com.br/
Que bom que gostou, Joanna. (:
ResponderExcluirQuando o tiver lido, volte pra me dizer o que achou.
Grande abraço!
Não posso concordar mais com as "três vitrolas" ahahahah não gostei muito desse livro. :/ Às vezes eu acho que meu problema é com o John Green mesmo, porque já li ACEDE, esse da Alasca, Teorema, Cidades de Papel e o único que realmente gostei foi Teorema. Cidades de Papel teve um fim que, pra mim, estragou o livro inteiro :( Mas enfim, gostei da sua resenha!
ResponderExcluirBeijos
Nati
www.meninadelivro.com.br
Esse livro vive entrando e saindo da minha lista de leituras. A verdade é que eu já li A Culpa é das Estrelas e eu gosto bastante de como o John Green escreve, mas ao mesmo tempo não sei se a história me atrai taaaanto assim, apesar de eu detestar histórias como a de ACEDE e mesmo assim ter arriscado e gostado. Dúvida eterna! hahahaha Sua resenha me deu novamente vontade de dar uma chance pra ele. Quem sabe.
ResponderExcluirhttp://sobrelivroseletras.blogspot.com.br/
Natália, meu favorito do Green é Teorema também, mas consigo identificar elementos comuns em todos os livros doo autor. Elementos estes que me incentivam a continuar lendo suas obras, como sua escrita inteligente, irônica e cativante; seus personagens muito bem trabalhados e a perspectiva de realidade que o autor dá a todos os seus livros. Fico feliz por ter concordado com a nota que dei ao livro, e triste por não gostar tanto de um dos meus autores favoritos...
ResponderExcluirAline, também não gosto muito de livros como os do John Green, em relação ao tema (juventude, descobertas, chatisse-gratuita...), mas, pelos motivos que listei acima, na resposta à Natália, continuo consumindo vorazmente todos os títulos do autor. Acho que o ato de fechar o livro, ao terminá-lo, e ficar refletindo na história é a melhor parte da experiência de ler John Green, porque ler sobre personagens tão reais é como tomar suas experiências como verdadeiras, e passíveis de serem tidas como exemplo.
Grande abraço às duas!
Olá!!
ResponderExcluirAdorei o seu blog, sério! Muito lindo!
Sobre o livro, ainda não li. Mas já está na lista há muito tempo, ainda mais porque será adaptado, preciso ler antes do filme sair.
beijos
blog: http://eu-ludmilla.blogspot.com.br/
Também estou ansioso para assistir ao filme. Se adaptarem este tão bem quanto adaptaram A Culpa é das Estrelas já estarei satisfeito.
ResponderExcluirRecomendo-lhe muito tanto este quanto outros livros do John Green.
Obrigado pelo comentário e grande abraço!
Sempre tive curiosidade por esse livro, até hoje só li um livro do autor "A Culpa é das Estrelas" e sempre olhei com desejo para esse livro dele, uma pena não prender o leitor.
ResponderExcluirOliveira, o livro prende o leitor sim, só não o segura forte demais. Recomendo-lhe que leia-o, já que gostou de A Culpa é das Estrelas.
ResponderExcluirGrande abraço!
Adorei a resenha .. muito bom!
ResponderExcluirConcordo demais com você, esse é um livro para refletir sobre a vida
:)
Meu Mundinho de Sofia
Fico feliz que tenha gostado e concordado. :]
ResponderExcluirGrande abraço!
Eu estou bastante ansiosa para ler esse livro, Acho que vou gostar!
ResponderExcluirAdoreii a Resenha :D
http://nuvensdelivros.blogspot.com.br/
Tomara que goste mesmo, Vitória!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário e grande abraço.