AUTORA: Rachel Joyce
EDITORA: Suma de Letras
PÁGINAS: 248
SINOPSE: Após receber uma carta de sua amiga Queenie Hennessy, da qual não tinha notícias há mais de 20 anos, Harold Fry fica consternado: Queenie está com câncer terminal, internada em uma casa de saúde em Berwick-upon-Tweed, norte da Inglaterra. Ele escreve uma carta singela e vai até a caixa de correio mais próxima postar a carta, deixando a esposa, Maureen, com seus afazeres. Pensando bem, Harold percebe que é um recém aposentado, portanto poderia caminhar até outra caixa de correio sem se preocupar com o tempo ou outras obrigações. E assim fez, afinal a caminhada estava lhe fazendo bem, assim como os pensamentos que o acompanhavam. Chegando na próxima caixa postal, teve uma ideia assombrosamente simples: Iria entregar a carta de Queenie em mãos.
Esse não é um livro que vai agradar todo mundo. Na verdade, ele é escrito de uma maneira que vai agradar a minoria dos leitores. O livro não tem ação, não tem ponto de virada e não tem clímax. Todavia, se ele fosse resumido pelas coisas que lhe faltam, ele não agradaria ninguém. Portanto, aqueles que gostarão do livro irão fazê-lo por conta de seu enredo bem amarrado desde o início; pelo fato de a história, dramática em muitos momentos, se assemelhar com a definição de vida em si; e porque, para todos os efeitos, Harold Fry é o senhor mais amável desde Carl Fredricksen (UP - Altas Aventuras).
Eu não estou incluído no grupo de admiradores da história criada por Rachel Joyce, mas reconheço que o livro passa uma mensagem sensível e tocante. Desde o início, Harold e Maureen parecem não se afeiçoarem, mesmo sendo casados a mais de 40 anos. Queenie sumira da vida de Harold após ser demitida, há vinte anos. E David, o filho do casal, não mora mais com os pais. Essas são apenas as pequenas "lascas" que coletamos num primeiro contato com o livro; depois, percebemos que essas lascas faziam parte de um todo muito maior, que já vinha se desgastando a tempos.
O drama familiar dos protagonistas não é abordado com uma perspectiva geral, mas enfatizando pequenos momentos da vida do casal. Tais momentos são sugeridos ao leitor toda vez que Harold encontra alguém em sua jornada, ou quando seus pensamentos transbordam sua mente e vão parar nas páginas que seguramos.
Inicialmente, achei interessante o fato de o livro não contar a história apenas do ponto de vista de Harold, mas também do de Maureen; porém, não dei muita bola pra isso. Eu achei despretensioso o fato da autora trabalhar as emoções de Maureen em capítulos inteiramente dedicados a ela, mas depois descobri que isso era necessário para que o leitor entendesse a integridade do passado da família Fry. Descoberta, essa, acompanhada de não pouca surpresa.
Logo no início da peregrinação, Harold parou em um posto de gasolina, onde teve um diálogo decisivo para continuar caminhando: Quando Harold explicou o porquê de sua caminhada, a atendente da lanchonete do posto disse que uma tia sua já tivera câncer e que, devido a fé e o pensamento positivo da sobrinha, ela teve esperança quando não tinha mais nada. Aquelas palavras tocaram Harold pela simplicidade, e ele teve a certeza de que, se acreditasse, conseguiria salvar Queenie. Ela só precisaria esperar.
O livro, na minha opinião, tem uma capa muito bonita e um título encantador, mas sua história não faz jus à sua beleza na estante. Rachel Joyce poderia detalhar menos o início do livro e acrescentar eventos mais interessantes posteriormente. Ela criou uma história cativante, mas não soube conduzir a narrativa para que o enredo continuasse atraente após algumas centenas de quilômetros percorridos. A história desanda ainda na primeira metade do livro e só é reanimada no final, que apesar de não ser inovador, ainda é surpreendente e mostra que a autora tinha controle de todo o enredo desde o início.
Resumindo: O livro tem uma premissa bacana, mas se torna chato por motivos banais, como o detalhamento excessivo de situações corriqueiras e a enfatização num drama familiar que é, desde o início, apenas sugerido. Particularmente, não gostei do livro e não indicaria a alguém que tenha se interessado. A mensagem que o livro passa, apesar de tocante e imponente, já fora passada com maior maestria por outros autores, mas ainda assim nos motiva à ação. Resumindo o resumo: Para quem gosta de dramas familiares é um bom passatempo, mas para quem, assim como eu, passa longe de novelas, o livro não poderá ser salvo nem pela simpatia de Harold Fry, nem pela mensagem de liberdade e nem por todo o pensamento positivo do mundo.
Excelente resenha! Blog sempre ótimo! Amei
ResponderExcluirBeijos.
http://livroseserendipidades.blogspot.com.br/
Obrigado, Rafa!
ResponderExcluirGrande abraço.
Olá Arthur!
ResponderExcluirParabéns pela resenha, pelo que você disse e pela sinopse não me interessei muito pelo livro. Quem sabe mais futuramente né?
Beijo,
Carol Nascimento
Books & Tea
Pois é, Carol. O livro tem pontos altos e baixos. Procurei, na resenha, destacar o porquê dessa oscilação com tão altas amplitudes... Mas não deixe de dar uma chance ao livro. ;)
ResponderExcluirGrande abraço!
Estava esperando pela sua resenha desse livro exatamente por isso. Queria evitar me decepcionar com um livro que eu já estava na dúvida se achava interessante ou não. E lendo seu post, fiquei com preguiça da história hahahaha Vou deixar esse livro pra lá.
ResponderExcluirHey, tenho uma indicação pra você. Não sei se é do seu gosto e nem mesmo sei se você gosta de HQ, mas já leu Azul é a Cor Mais Quente? É uma graphic novel, li recentemente por curiosidade e descobri que é bem bacana. Então fica como dica, caso se interesse.
http://sobrelivroseletras.blogspot.com.br/
Pois é, Aline, o livro não foi escrito pra todo tipo de leitor, então se você não gosta de dramas ou de livros com a narrativa lenta, você não está incluída no publico alvo do mesmo.
ResponderExcluirSabia que eu vi o filme adaptado dessa HQ ontem na netflix?! Hahaha (não vi o filme, vi que o filme está no catálogo da netflix, acho que ficou confuso antes). Eu nem sabia que era baseado numa HQ. Li a sinopse, vi que tinha a ver com lesbianismo e uma menina de cabelo azul, então nem me interessei... Mas agora vou correr atrás da HQ, pode ser que ela me surpreenda. Obrigado pela indicação!
Grande abraço!
Ah, esqueça o filme. Sério. Não veja. De jeito nenhum. É péssimo hahahahah
ResponderExcluirHahaha. Ok, ok...
ResponderExcluirReparei que ele tem três horas e não é todo filme com essa duração que consegue me convencer; ainda mais agora, com todos esses avisos. Haha. Vou passar longe do filme e comprar a HQ o mais rápido possível.
Confesso que este livro está na minha lista de livros que comprarei no futuro, espero que próximo(risos). Mesmo lendo a sua resenha e você dizendo ter se decepcionado ao fim do livro, pretendo ler e tirar minha própria conclusão. De repente o que você acha mais ou menos, pra mim será "wol"...que livro legal! Mas adorei vir te visitar e adorei suas resenhas. Um abraço e voltarei mais vezes!
ResponderExcluirCom certeza, cada pessoa pode formar diferentes opiniões a respeito de um livro, tudo depende do gosto dessa pessoa. Então, leia mesmo e, se possível, volte aqui para me dizer o que achou. ;)
ResponderExcluirGrande abraço!