Conto - Irônicos

  Estava Vitor na casa de Patrícia mais uma vez. Acessaram o Yahoo! Respostas e deram início à sessão de respostas irônicas:

  “Por que o touro ataca o pano vermelho?”

  Patrícia olhou para Vitor e sorriu. Já começaram com uma pergunta estúpida. Ela digitou:

  “Sei lá, vai ver ele prefere amarelo.”

  Era a vez de Vitor. Ele procurou bastante até encontrar uma que lhe agradasse:

  “Por que o cigarro ainda é considerado uma droga lícita se faz mal à saúde?”

  Vitor nem pensou muito:

  “Porque nem todo mundo tem dinheiro pra bronzear o pulmão artificialmente.”

  Patrícia deu uma risadinha contida, não queria dar a entender que as respostas do amigo eram melhores que as suas. Procurou e encontrou mais uma rapidamente:

  “Para que serve o ascensorista do elevador?”

  “Para aumentar o índice de suicídios após escutar músicas entediantes.”

  Vitor sorriu abertamente, não era tão competidor quanto Patrícia.

  “Por que o índice de divórcios tem crescido nos últimos anos?”

  Mais uma vez, digitou rápido provocando a risada abafada de Patrícia:

  “Porque todos estavam achando que a festa junina ainda não tinha acabado.”

  Patrícia empurrou Vitor para o lado, queria encontrar uma pergunta bem idiota agora.

  “Como a Angelina Jolie consegue ser tão bonita?”

  “Herbalife duas vezes ao dia.”

  Vitor, ainda rindo, aceitou o desafio: Naquele dia eles estavam afiados.

  “Se você pudesse escolher, qual talento gostaria de ter?”

  “Aquele com castanhas do pará.”

  Dessa vez Patrícia desistiu de segurar o riso e soltou uma gargalhada. Pegou o mouse, mas antes de procurar uma pergunta, percebeu que uma de suas respostas recebera um comentário.

  A autora da pergunta do touro comentou:

  “Isso não é resposta.”

  Vitor olhou pra ela e sorriu. Já sabia o que Patrícia iria responder:

  “É sim. Só não é a resposta certa.”

  E voltaram a rir os dois.

  Naquele dia ainda gastaram muito tempo respondendo perguntas de maneira sarcástica, e depois responderam a mais perguntas em outros dias. Com o tempo as tardes desperdiçadas com respostas irônicas foram perdendo o encanto e eles deixaram de praticá-las, mas sempre guardaram aqueles dias com muito carinho na memória. Cada competição fora lembrada como uma boa recordação, e cada instante daquele passado foi muito desejado, por ambos, voltar a ser vivido.

***

Nota 1: Quem quiser pegar o texto para uso geral, sinta-se à vontade; apenas me comunique antes e credite ao autor (Arthur Dias) e ao blog (DiscoDiVinil).

Nota 2: Finjam todos que são grandes críticos de literatura e tentem me orientar: critiquem, sugiram mudanças, apontem meus erros e comentem o que acharam do texto.

Nota 3: Esse conto faz parte do projeto "Semana de Mini Contos". Saiba mais sobre o projeto clicando aqui.