Mais um conto maior que os convencionais. Para tal texto, também preparei uma playlist com cinco músicas que podem acompanhar a leitura, não sendo, no entanto, obrigatória. Espero que gostem do texto e da seleção de músicas. Peço que deixem seus comentários e críticas para que eu possa melhorar minha escrita em contos futuros. Enfim, deem o play e aproveitem a leitura!
***
Eu
tenho Down.
Mas
não se preocupe, pode ler esse conto como se tivesse sido escrito
por uma mulher “normal”. Se isso for muito difícil, finja que
você não é uma criatura ignorante e aceite o fato de que uma
pessoa com Síndrome de Down também pode ter uma vida comum, às
vezes até melhor do que a sua.
Eu
tinha 16 anos quando tudo aconteceu. Estava no ponto de ônibus, esse
era um momento comum da minha rotina. Apesar do meu QI desfavorável,
eu conseguia passar pela catraca, caso esteja se perguntando.
Ainda
no ponto, sozinha, peguei um pão com mortadela que minha mãe havia
preparado e passei a comê-lo. Iria almoçar assim que chegasse em
casa e isso poderia estragar meu apetite, mas fazia isso todo dia e
minha mãe nunca desconfiou. Após devorar o sanduíche inteiro, me
levantei e atravessei a rua. Havia uma lixeira ali. Joguei fora o
saco em que minha mãe embrulhara o sanduíche e os quatro
guardanapos extras que ela sempre coloca e eu nunca uso.
Quando
voltei para o ponto de ônibus havia um garoto lá.
– Oi,
essa mochila é sua?
– É
– E me sentei.
– Ah,
bom. Pensei que alguém poderia ter pegado o ônibus e esquecido a
mochila aqui.
– Fui
só jogar um lixo fora.
–
Certo.
O
menino não conseguiu ficar nem um minuto com o bico calado, já
emendou:
–
Você tem Síndrome de Down, não tem?
Olhei
para ele e fiz a cara de deboche que costumo fazer sempre que me
fazem essa pergunta.
– É
que eu estou estudando sobre isso... Sabe, na escola...
–
Sei.
– É
verdade que você não tem o M da mão? E ao invés disso apenas um
risco?
Ele
não ia descansar até que visse a minha mão, então resolvi lhe
mostrar logo.
– Se
chama “Prega Simiesca”.
Ele
puxou minha mão para mais perto de seus olhos e eu quase caí em seu
colo.
–
Você tem os dedos curtinhos...
–
Aham.
–
Sempre achei melhor estudar com um modelo
vivo do que com aulas teóricas.
Ele
me considerava um objeto de estudo?
– Meu
ônibus vem ali, se puder me dar licença...
– Eu
sei que pode parecer esquisito, mas você quer ir comigo em um lugar
antes de voltar para casa?
Ele
me considerava normal?
–
Onde? – Demonstrei um interesse
excessivo, mas nunca ninguém quis passar mais do que o tempo
necessário comigo.
– É
um tipo de esconderijo que eu tenho. Você parece ser legal. O que
acha?
– É
o tipo de esconderijo que você não revela para qualquer um?
–
Não. Eu levo quase todo mundo lá.
Aquilo
me incomodou, ele poderia dizer que era um lugar especial ou um local
que só ele conhecia, mas o que eu esperava? Ele acabou de me
conhecer.
Sei
que não devia, mas concordei em ir com ele. O ônibus parou no
ponto, abriu as portas e eu apenas acenei para o motorista que já
era meu conhecido. Então ele foi embora e não tinha mais volta, o
próximo ônibus só passaria dali a duas horas e ir a pé não era
uma opção.
– O
ônibus que devemos pegar passa daqui uns cinco minutos.
– Ok.
Quase
exatamente cinco minutos depois, o ônibus parou no ponto. Subimos e
eu já percebi as diferenças. Aquele não era o meu ônibus. Não
tinha o meu motorista. Não tinha as pessoas que eu costumava
observar. Não tinha nem sequer o cheiro de chiclete velho que o meu
ônibus tinha.
Sentamos nos assentos mais altos, aqueles
que ficam sobre a roda do ônibus.
– Eu
sempre me sento aqui. Todo dia. Acho que essas pessoas já até
respeitam o meu lugar e não se sentam em consideração a mim.
Olhei
para ele e sorri. Me dei conta da besteira que fiz. O que eu tinha na
cabeça? Seguia minha rotina há três anos e nunca preocupei minha
mãe, agora ela vai ligar para a escola, para a polícia, para os
bombeiros...
–
Você ainda não me disse seu nome.
Acordei
da minha paranoia e demorei alguns segundos para assimilar a
pergunta.
– Me
chamo Lola.
–
Muito prazer, Lola. O meu nome é Otávio.
Voltei
a pensar em casa, mas o garoto não calava a boca:
–
Você tem mais alguma coisa de diferente?
Outra parte do corpo com nome bacana...
Ele
já estava me dando nos nervos, então resolvi fazê-lo ficar quieto:
–
Não, eu só sou feia, burra e
defeituosa, não espere encontrar algum poder especial.
Não
funcionou, mas teve um efeito interessante:
– Eu
não acho você feia.
Acho
que fiquei vermelha, e ele continuou a falar sem parar:
–
Também não te acho burra. Você sabe o
nome daquela dobra na sua mão, a prega...
–
Simiesca.
–
Isso! Você sabe esses nomes, e vai a uma
escola comum...
Ele
não reparava que poderia estar me ofendendo, mas eu relevei isso.
– Só
sei esses nomes porque vivo os escutando. E na escola eu tenho o pior
desempenho da turma, ainda estou no ensino fundamental e tenho 16
anos!
– E
daí? Não medem sua inteligência pela rapidez com que você termina
seus estudos.
–
Medem sim.
– É,
mas não deviam. Vamos fazer o seguinte: Você tem alguma citação
favorita? A maior parte das pessoas não se lembram de muitas
citações do que leem...
–
Porque acha que eu me lembraria?
–
Porque eu sei que você tem um poder
especial. E estou apostando nesse.
Ele
me surpreendeu. Muito mesmo.
–
“Ser feliz sem motivo é a mais
autêntica forma de felicidade”, Carlos Drummond de Andrade.
–
Viu! Eu sabia que você se lembraria de
alguma!
– “A
vida é maravilhosa se não se tem medo dela”, Charles Chaplin.
–
A-ha! Quem é burra agora?
–
“Choramos ao nascer porque chegamos a
este imenso cenário de dementes”, William Shakespeare.
– Tá
bom, não precisa me humilhar.
–
Você não se lembra de nenhuma?! Como
não? É tão fácil!
– Eu
me lembro de uma.
– Me
diz qual é.
–
Não, você vai rir, ou achar estranho...
–
Fala logo.
–
Certo... Bem... É do Machado de Assis...
E diz “Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém
mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que
descobre o encoberto”.
Me
arrepiei. De verdade, passei a mão pelo braço para ele não
perceber.
– Eu
não conhecia essa.
– Eu
também não, até minha avó me contar. Disse que tinha bastante a
ver comigo...
Sorri
pra ele. E ele falou:
– É
aqui, vem.
Descemos do ônibus num bairro em que eu
nunca havia pisado antes. Ele me conduziu até um prédio vermelho de
quatro andares, com sacadas protegidas por uma cerca de bastõezinhos
de ferro escuro. Subimos um lance de escadas até o segundo andar e
ele abriu a primeira porta daquele nível.
Entramos. Não havia mobília alguma ali.
– Não
repara na bagunça – Brincou Otávio.
Fomos
até um dos quartos do pequeno apartamento e encontramos uma
bicicleta em cima de um suporte e uma TV.
– O
que é isso?
– É
um dínamo. Serve para gerar eletricidade... Esse apartamento era da
minha avó, mas desde que ela morreu cortaram a energia.
– A
mesma avó que disse que você é curioso e enxerido?
– Ela
não disse isso, só relacionou a citação com a minha
personalidade. Não é necessariamente verdade.
–
Sinto muito.
–
Tudo bem, já foi há bastante tempo.
Dei
mais uma olhada naquele aparato todo e perguntei para que ele
precisava de eletricidade.
–
Bom, eu tenho uma caixa de sapatos aqui –
Foi até atrás da TV e pegou uma caixa de tamanho médio, a abriu e
exibiu os vários CDs que estavam ali dentro – Eu tenho 67 filmes
nessa caixa. Já assisti todos, então garanto que são todos
excelentes.
–
Quer assistir algum agora? – Eu mesma
fiz a pergunta, já nem me lembrava mais de minha mãe e da
preocupação que ela deveria estar sentindo.
–
Claro. Você pode escolher. Mas, por
favor, não escolha Matrix. Sempre que trago algum amigo meu ele
escolhe esse filme.
– Tá
bom. Eu já assisti Matrix mas não gostei, não entendi muito bem.
Ele
fez uma cara que dizia “Não gostou de Matrix?!”, mas em seguida
pareceu se lembrar de que eu tenho uma anomalia genética e só
abaixou a cabeça em direção à caixa.
Os
filmes que ele tinha ali não faziam o meu estilo. Ele me recomendou
alguns, como Seven, Efeito Borboleta, Donnie Darko e Alta Frequência,
mas todos esses pareciam ter um enredo complexo. Acabei escolhendo O
Curioso Caso de Benjamin Button, uma história sobre um rapaz que
nasceu velho e foi ficando mais jovem com o passar dos anos.
Ele
pedalou na bicicleta por alguns minutos e disse que a bateria já
armazenara energia suficiente para assistirmos o filme todo.
Nos
sentamos no chão. Durante o filme, que acabou sendo ainda melhor do
que eu esperava, Otávio reparou que meus olhos têm uns pontos
brancos na íris. Eu falei que era mais uma coisa com nome difícil,
daí ele pediu para que eu falasse o nome e então eu disse: “Manchas
de Brushfield”. Ele falou que era muito legal ter uma amiga com
partes do corpo com nomes de outras pessoas. Nunca havia pensado
nisso dessa forma.
–
Quem você acha que foi Brushfield? –
Ele me perguntou.
– Não
faço a mínima ideia. Provavelmente a primeira pessoa a ter essas
manchas.
– Ou
o médico que as descobriu.
O
filme terminou e eu já estava morrendo de sono.
–
Acho melhor você ir para casa. Sua mãe
deve estar preocupada.
Eu
sabia daquilo, mas não fazia mais diferença pra mim.
–
Posso ficar aqui um pouco mais?
–
Claro.
Um
silêncio constrangedor dominou o cômodo, e como fui eu quem quis
ficar, pensei que seria eu que deveria quebrá-lo.
– Eu
nunca fiz isso antes.
– Fez
o que?
–
Perdi o ônibus.
–
Sério? Acontece sempre comigo!
–
Não, mas não só perder o ônibus. Tudo
isso. Eu nunca fui com alguém para um lugar que eu não conhecia,
nunca deixei de seguir as orientações dos meus pais à risca...
–
Então porque veio comigo?
Pensei
um pouco e achei uma resposta satisfatória:
–
Porque eu sempre vi o meu distúrbio como
um fardo, algo que me afastava das pessoas; porque eu nunca encontrei
alguém que me olhasse exatamente como olha para qualquer outro
indivíduo... Eu nunca perdi o ônibus porque nunca ninguém me
convidou a perdê-lo.
Enfim,
consegui fazê-lo ficar calado, mas agora queria ouvir sua voz.
–
Imagino que tenha sido difícil pra você
conviver com outras pessoas e ser discriminada por elas.
–
“Todo mundo é capaz de dominar uma
dor, exceto quem a sente”.
Ele
ficou olhando pra mim, ponderando as palavras.
–
William Shakespeare – Completei e
sorri, ele sorriu também.
Então
fomos embora. Ele foi comigo até o terminal rodoviário, dali eu
conseguia pegar o ônibus para casa sozinha, e ele pegou outro
ônibus, para a casa dele.
Depois
daquele dia passamos a nos encontrar sempre no “Esconderijo”,
levamos almofadas para lá, assistimos aos outros filmes da caixa de
sapatos e, quando cansamos desses, compramos outros e aumentamos a
coleção. Com o tempo aquele esconderijo passou a ser mais nosso do
que dele. Ele me contou a história de que a avó deixara o
apartamento somente para ele, o único neto, e de que ele nunca
pensou em alugá-lo. Passamos alguns apuros, como no dia em que
inventamos de adaptar um fogão para o apartamento e uma panela de
pressão explodiu. Desde então voltamos a pedir pizza por telefone.
Mas o mais importante é que ali, naquele pequeno aposento, nunca
existiu preconceito e nunca existiu maldade. Nos isolamos do mundo e
criamos o nosso universo. Escondidos, para vivermos livres. Presos,
para vivermos soltos.
Autoria: Arthur Dias
***
Nota 1: Quem quiser pegar o texto para uso geral, sinta-se à vontade; apenas me comunique antes e credite ao autor (Arthur Dias) e ao blog (DiscoDiVinil).
Nota 2: Finjam todos que são grandes críticos de literatura e tentem me orientar: critiquem, sugiram mudanças, apontem meus erros e comentem o que acharam do texto.
Bem...não sou um grande crítico e não tenho nenhuma mudança a apontar mas achei ótimo. É..eu gostei muito, é simples e bonito. x)
ResponderExcluirObrigado por gostar!
ResponderExcluirMesmo não sendo um crítico, agradeço muito o seu comentário.
Grande abraço!
Arthur, acaba de ganhar uma fã rs E olha que isso é raro. Só sou fã de duas pessoas que conheço, digo, nesse sentido, sabe ? Pessoas 'normais' que escrevem digamos que por hobbie. Eu adorei esse conto. As citações são perfeitas e adorei essa parte: '' nunca perdi o ônibus porque nunca ninguém me convidou a perdê-lo" . Confesso que eu esperei um final mais surpreendente, digo,não que esse ficou ruim, ficou muito bom, aliás. Eu só acho que a primeira impressão que temos de Otávio é que ele trataria Lola como os outros e ela no final daria uma lição. Falo isso porque foi o que senti ao ler as perguntas que ele sempre fazia. Enfim, no geral o conto ficou ótimo mesmo, e agora estou ainda mais animada pra ler todos os outros e pretendo fazer isso hoje à noite rs É isso, Arthur, parabéns mesmo!
ResponderExcluirPuxa, Thays, fico extremamente honrado em tê-la como fã!
ResponderExcluirNa verdade, achei que um final assim não seria tão bom; quis fazer com que Otávio fosse amigo e entendedor de Lola (apenas um tanto quanto curioso). Digo isso porque iniciei o texto com Lola dando um rala no leitor, isso significa que ela está acostumada a sofrer preconceitos e ser subjugada, se Otávio também se mostrasse preconceituoso depois do interesse inicial em Lola, o final poderia ficar meio fraco... Mas foi apenas minha opinião ao escrevê-lo, pode ser que um final do jeito que você disse, melhor trabalhado, ficasse bom também.
Obrigado mais uma vez pelo comentário. Divirta-se lendo os outros contos e grande abraço!
Entendi. Mas o que eu disse foi apenas a primeira impressão que tive, digo, inicialmente. Eu entendi o que você dizer e fazer e concordo com seu apontamento final de que se o colocasse como preconceituoso ficaria fraco, foi apenas a primeira coisa que pensei, mas algo que foi mudando no decorrer da leitura. Como eu disse, o seu final ficou ótimo, diferente e muito bom !
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAh, sim, Thays. Agora entendi o que quis dizer. xD
ResponderExcluirPois é, a curiosidade excessiva do Otávio provoca uma dúvida inicial quanto sua personalidade (essa dúvida foi sentida até pela Lola no texto), mas no decorrer da estória ele acaba se mostrando um cara gente fina afinal. Haha.
Camila, obrigado por gostar do texto e destacar um quote. :]
Acabou não dando certo a edição que você preparou para o comentário, mas mesmo assim agradeço o capricho.
Grande abraço às duas!
Cara, eu não ia ler, mas acabei tomado pela curiosidade e adorei! Sua escrita cativou assim como seus personagens incríveis. Enquanto lia pela segunda vez eu fiquei imaginando como um curta-metragem, assim como depois fui ouvir a playlist e já imaginei tudo que tinha pra imaginar! Uma história simples e bonita! PARABÉNS!
ResponderExcluirPosso incluir em um post do meu projeto de 'Um conto por dia' ? Darei os créditos...
Abraços e obrigado por este belíssimo texto.
www.umomt.com
Obrigado, Matheus!
ResponderExcluirQue bom que o tamanho do texto não influenciou sua decisão final. :]
Fico muito feliz por ter gostado do conto a ponto de conseguir imaginar um curta-metragem para ele.
Você pode incluí-lo no seu projeto sim, seria uma honra para mim!
Muito obrigado pelo comentário e grande abraço!
Ficou bom! Com certeza diferente. Uma coisa que nunca li! Está muito bom!!
ResponderExcluirObrigado, Bruna. :D
ResponderExcluirGrande abraço!
Nossa Arthur , sem palavras,mesmo!! Um garoto de alma leve e uma garota com 'defeitos'.. amei a história, vai ter mais ne? :)
ResponderExcluirwww.chadecalmila.com
Lhe seguindo para conhecer melhor \o
ResponderExcluirObrigado, Camila!
ResponderExcluirEu costumo publicar contos todo sábado, mas eles não constituem uma única história. Talvez eu pegue um dos contos e faça uma continuação para o mesmo, mas tenho medo de estragá-lo. '~'
Os outros contos já publicados podem ser encontrados acessando o link:
http://discodivinil.blogspot.com.br/p/textos-autorais.html
Obrigado mais uma vez por gostar do conto e pelo comentário. Também estou seguindo o seu blog.
Grande abraço!
Excelente conto! E a cada texto seu que leio, admiro-me mais com a sua criatividade. É isso aí, Arthur! Continue escrevendo.
ResponderExcluirObrigado, Dani. :]
ResponderExcluirAbraços.
Oi Arthur!
ResponderExcluirMais um conto incrível. Gostei bastante do humor meio cômico de sempre e da última frase que faz qualquer autor se orgulhar de tê-la escrito.
Tenho certeza que você sentiu um orgulhosinho, não? Eu pelo menos me sinto assim quando termino textos de forma épica e nostálgica, como nesse caso.
Tenho uma dúvida. No fim você passou a ideia do apartamento da vó do Otávio ser um lugar particular Otávio-Lola, mas e os amigos do Otávio? Eles não voltaram mais lá? Se for esse o caso, acho que teria sido bom explicar direito. Ficou meio contraditório o Otávio ter dito anteriormente que não era um lugar especial e depois essa dúvida se se tornou especial ou não, entende? Talvez explicar isso ou quem sabe nem falar anteriormente que não era um lugar especial seria uma proposta mais legal. Talvez alguém leia meu comentário e pense: "meu Deus, detalhes", mas são os detalhes que nos fazem julgar um texto como bom ou não, certo? Haha.
Agora uma perguntinha mais relacionada a você, como exatamente você se preparou para escrever esse texto? Você conhece alguém que tem Down e por esse motivo sabe como as pessoas que possuem essa anomalia genética enxergam o mundo? Não que eu esteja dizendo que elas não sejam normais, como seu próprio texto diz, a normalidade é relativa. Eu só fiquei meio insegura quanto a essa personalidade (sei muito pouco sobre essa síndrome, mas tenho a impressão de ter lido em algum lugar que as pessoas que a possuem desenvolvem uma idade mental de até 12, 13 anos. Isso na verdade me confundiu ao ler seu texto, não faço ideia se essa informação é verdadeira ou não, mas Lola parece ter uma mentalidade de 16 anos bastante comum). E os nomes "difíceis"? Você pesquisou na internet ou o que? Fiquei bem curiosa quanto a esse processo técnico...
E sua playlist ficou ótima, muita gente pode não dar muita bola ou talvez até preferir ler seus textos sem músicas, mas eu acho que elas causam um efeito maravilhoso ao leitor (em mim, pelo menos, isso acontece). Continue postando-as, suas músicas são sempre ótimas <3
Enfim, vou parar de falar. Não sei se você me entendeu bem... Espero que sim!
Parabéns por sua escrita maravilhosa!
Beijos!
Amei sua escrita, é muito delicada e sem rodeios. Aliás, amei seu blog demais, ganhou uma nova seguidora.
ResponderExcluirBeijos,
chuvadeejaneiro.blogspot.com
Olá, Arthur!
ResponderExcluirQue texto incrível, sério. Gostei muito do que li. Os textos que abordam pessoas com deficiência costumam ser, em sua maioria, melódicos e este texto, em momento algum, transmitiu um sentimento deste tipo. Aliás, gostei muito da seguinte citação: "Eu nunca perdi o ônibus porque nunca ninguém me convidou a perdê-lo."
Adorei, adorei, adorei. Enfim, adorei! Parabéns! Você pensa em seguir carreira de escritor? Eu sei que é difícil, mas sempre gosto de perguntar.
Rebecca
Arthur, desta vez você me deixou literalmente ma-ra-vi-lha-do!!!
ResponderExcluirImpressionante a sua criatividade! Seus outros contos são bons mas neste, você realmente se superou.
E que aproveitar pra também parabenizá-lo pelo esmero na sua escrita. Não encontrei desta vez, nenhuma falha.
E ainda a trilha sonora pra acompanhar a leitura foi muito bom.
Tudo no conto é especial a começar pela grandiosa lição de cidadania de Lola jogando seu lixo na lixeira, até o desmembramento da história com a demonstração de aceitação das diferenças demonstrada por Otávio.
Essa é, sem dúvida, sua obra-prima. Inesquecível.
Grato por nos oferecê-la. Refiro-me aos seus leitores, dentre os quais, me incluo.
Um grande abraço!
Alberto Valença.
Quis dizer "E quero aproveitar pra também parabenizá-lo (...)"
ResponderExcluirTapa. Na. Cara. Foi tudo que pensei quando comecei e ler o conto, mas com o passar das linhas, tudo foi ficando simples e eu gosto disso. Nada de rodeios, nem de enrolação. Você vai sempre direto ao ponto, e é por isso que não canso de ler suas obras.
ResponderExcluirMe pergunto a mesma coisa que a Alice Ribeiro: onde ficaram os outros amigos do Otávio? E onde você se informou para saber sobre esses "nomes estranhos"?
Outro problema, é que eu não sei (novamente) qual foi seu objetivo ao escrever o conto, mas o mais óbvio, que é "convencer as pessoas que preconceito não é legal", não ficou tão explícito como eu achei que ficaria.
No final, o conto não é mais um "Tapa. Na. Cara", (como eu achei que seria) e sim um simples conto. As últimas palavras se encaixaram muito bem, mas mesmo assim o final não foi satisfatório. Trabalhe melhor a forma de escrever para convencer o leitor, pois isso não existe.
No mais, como já disse, você é muito criativo, para tudo: personagens, lugares, enredos, etc. mas agora é só continuar escrevendo e se aprimorando cada vez mais. Um dia você será um grande escritor!
Primeiramente, obrigado a todos pelos comentários e elogios.
ResponderExcluirAlice, confesso que senti tal orgulho sim, haha. Na verdade, escrevo esses textos numa só sentada (em menos de uma hora os termino), então fico muito feliz quando crio algo de qualidade assim. Isso também já responde sua outra pergunta: Eu quase não me preparo para escrever meus contos. Simplesmente abro o Word e vou despejando o que vier. Não conheço ninguém que tenha Síndrome de Down, mas já tive amigos com outras complicações médicas, como Derrame Cerebral e Câncer. A ideia de retratar uma portadora de Síndrome de Down veio porque é uma anomalia alvo de muito preconceito, quis quebrar um pouco disso com um conto ora descontraído, ora sério.
Em todos os contos que escrevo eu busco informações na internet para enriquecê-los. Eu já conhecia essas características de quem tem Down (manchas nos olhos, dedos curtos, não ter o M da mão), embora não soubesse os nomes.
Quanto ao Esconderijo, foi um erro meu não especificar se Otávio continuava levando seus amigos lá ou não, mas acho que uma ideia parcial pode ser retirada de "Com o tempo aquele esconderijo passou a ser mais nosso do que dele.", ou seja, Otávio pôde até continuar levando seus amigos lá, mas Lola era quem mais visitava o apartamento. Todavia, isso não encobre meu erro de não detalhar essa parte. Realmente ela me passou despercebida; apesar de escrever esses textos num prazo bastante curto, reviso meus contos umas 500 vezes antes de publicar, e foi falha minha não ter notado isso... Obrigado por indicar o erro. (:
Enfim, obrigado pelo comentário enorme, haha.
Camila, obrigado. :D
Rebecca, obrigado por adorar, adorar e adorar o conto (xD). Penso em seguir carreira de escritor sim, mas seria um projeto paralelo à formação em engenharia que quero ter. Penso em publicar um livro daqui alguns anos e ver no que dá, enquanto isso me satisfaço apenas publicando esses contos sem propósitos mesmo, haha.
Alberto, muito obrigado pelo comentário. Sério, obrigado mesmo. Existem alguns comentários que recebo que me dão vontade de imprimir e colar no teto do meu quarto, só pra ler sempre que acordar; o seu comentário foi assim. Obrigado mais uma vez pelos elogios. Pode ter certeza que você conseguiu me incentivar a continuar escrevendo por um bom tempo.
Samuel, quanto às perguntas, já as respondi para a Alice: Erro e Google.
Quando escrevo meus contos, não tenho uma finalidade se não satisfazer uma necessidade pessoal. Gosto de escrever e de ver a reação dos leitores ao lerem meus contos, além de aprender com eles e edificar minha escrita com suas críticas e análises. Mas quando sento-me e penso em escrever, como no caso, em uma pessoa com Down, não tenho um propósito. Quero apenas transmitir minha opinião e observar quem compartilha dessa minha opinião.
Resumindo, minha intenção não foi dar um "Tapa. Na. Cara" da sociedade, mas só escrever um simples conto. Achei necessário aquela introdução para apresentar os leitores à vida de um portador da Síndrome: Suas frustrações e exaustão frente os preconceitos sofridos; mas sem deixar que esse teor crítico dominasse o texto, que sempre prezo que seja simples e leve.
Reconheço que na escrita um propósito é importante, mas eu deixo isso para quando estiver escrevendo livros... Por enquanto considero meus textos uma forma de lazer, não de questionamentos sociais.
Agradeço infinitamente todos os comentários! Grande abraço aos cinco!
P.S. Alice, quer competir quem escreve o maior comentário? xD
Olá Arthur,
ResponderExcluirQue conto lindo. A forma como você desenvolveu a história me fez sentir que eu poderia ser a Lola e que isso poderia acontecer comigo, assim como com qualquer um.
A forma que você escreveu simples e compreensível me fez refletir muito.
Parabéns por sua inspiração e espero que você continue escrevendo lindos contos.
Beijos,
http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/
https://www.facebook.com/mileumdiasparaler
Obrigado, Bruna. (:
ResponderExcluirAbraços.
Eu achei bonito, emocionante, na verdade... Adorei mesmo... Eu ainda não acompanhava os seus contos, mas, com certeza, serei uma visitante frequente para ler o que você escreve!!!
ResponderExcluirSou tiete então é meio suspeito, mas, como todos os outros contos amei. Adorei o tema abordado e a forma como foi abordado. Estou cheia de perguntas para fazer sobre esse conto, então acho melhor a gente pensar em um outro post com sua participação para o blog rsrsrs.
ResponderExcluirBjos, e parabéns, vc é incrível!
aculpaedosleitores.blogspot.com.br
Oieee, amei o conto, muito profundo e maravilhoso, parabéns
ResponderExcluirhttp://vampleitores.blogspot.com.br/
Oi Arthur.
ResponderExcluirEu até tentei mas não consigo ler ouvindo música, mas gostei das que você selecionou, principalmente Dust to Dust, bem light.
Quanto ao conto....que conto, que escrita envolvente, nem percebi a leitura, quando dei por mim chegava ao fim, e eu queria mais.
Parabéns pelo tato e sensibilidade na escrita desse conto.
Até mais.
Leituras da Paty
Só digo que fiquei com dó dessa menina pegar um ônibus que só passa de duas em duas horas... hehe... foi a única coisa no seu conto que não gostei, não consigo acreditar que seja possível um intervalo tão grande entre os ônibus... rs...
ResponderExcluirNo mais, adorei tudo, achei o conto mega tocante e fiquei encantada com a primeira citação de Shakespeare! =)
Ju
Entre Palcos e Livros
Natana, muito obrigado! Espero que goste dos outros contos também. (:
ResponderExcluirBia, haha, obrigado por gostar desse também; se quiser fazer suas perguntas via skoob, poderei respondê-las. Estou sempre disposto a uma nova participação no blog de vocês, só chamar! Haha.
Gustavo, obrigado.
Paty, muito obrigado. Entendo que alguns leitores prefiram ler sem música, até por isso não configuro o player para dar o play automaticamente. Eu também só consigo ler com música se ela estiver bem baixinha, senão acabo me dispersando. Mas enfim, obrigado pelo comentário e por gostar do conto.
Ju, eu não tenho a mínima noção de quanto tempo são os intervalos para que os ônibus voltem a passar, então perdoe-me por jogar um valor tão alto. No mais, obrigado pelo comentário.
Grande abraço aos cinco!
Nossa eu achei lindo! Parabéns! Maravilhoso mesmo!
ResponderExcluir''naquele pequeno aposento, nunca existiu preconceito e nunca existiu maldade. Nos isolamos do mundo e criamos o nosso universo.''
Lindos personagens!
Beijos
Obrigado por gostar e por destacar um quote. (:
ResponderExcluirGrande abraço!
Olá Arthur!! Vim dar uma de crítica.
ResponderExcluirAchei o texto muito bom mesmo. Gostei da ironia dela, acertou nos pontos em que você queria acertar. Em outras palavras... nas minhas palavras... Acho que uma boa história ou um bom escritor deve não só ter uma ideia e escreve-la numa folha qualquer. Um bom escritor, pesquisa o que colocar na tal folha, descobre e aprimora o que não sabia e passou a saber. Um bom escritor não só cria uma história qualquer mas transforma aquela história em estória. Você fez isso.
Achei que poderia melhorar o final. A história se desenrolou bem até o ultimo parágrafo. Achei que passou rápido demais, como se você estivesse preocupado com alguma coisa, o tempo ou o tamanho. Gostei da frase de efeito no final, uma boa jogada. Gostei de verdade e fora a "pressa" do final, a história ficou fantástica.
Muito obrigado, Gabi!
ResponderExcluirFico extremamente contente que ache que eu consegui melhorar nos pontos que precisava, e também que você tenha reparado na pesquisa que tive de fazer para enriquecer o conto.
O final eu escrevi meio apressado mesmo, pois o foco principal do conto, ou seja, aquele momento daquele dia, havia acabado. No entanto, não quis simplesmente terminar o conto sem explicar melhor o que poderia ter acontecido a eles. Gostei de saber que você acha que eu poderia ter prolongado essa parte. Em contos futuros irei relatar de maneira mais detalhada até mesmo os acontecimentos fora do foco principal; também acho isso importante. :]
Grande abraço!
Caraca, Arthur!!!!! Parabéns, MESMO. Amei demais esse conto, muito mesmo. Sua escrita está cada vez melhor, esse é de longe meu conto favorito seu. Gostei muito dos personagens e me vi bastante envolvido com a Lola, a história conseguiu me emocionar. Muito linda. E sinceramente gostei muito do final, fiquei com aquele gostinho de quero mais, você bem que poderia trabalhar numa continuação né?! rs
ResponderExcluirEnfim, gostaria muito de compartilhar o conto no meu blog, dando os créditos do mesmo. Me avisa depois!
Abração,
umviciadoemlivros.blogspot.com
Muito obrigado por todos os elogios, Felipe!
ResponderExcluirFico muito contente que eu tenha conseguido escrever um texto capaz de emocionar alguém, haha. Quanto à continuação, é aquela velha história, tenho medo de escrever algo tão ruim que chegue a estragar até o primeiro conto...
Você pode compartilhar o texto em seu blog sim, eu ficaria muito honrado com isso. :D
Grande abraço!
Cara como você sabe eu também escrevo contos. E sinceramente você escreve sobre coisas que eu provavelmente não saberia escrever ou sofreria muito para fazer. Admiro essa sua capacidade de escrever sobre coisas "normais" de uma forma que interessa ao leitor. Sem nada sobrenatural, pesado, apelativo ou muito inusitado (tudo o que a maioria dos meus contos têm de sobra, mas é meu estilo né, fazer o que kkkkkkk). Ótimo conto. Parabéns mesmo. Estarei sempre por aqui com certeza! Abraço!!!
ResponderExcluirhttp://criticandonamadruga.blogspot.com.br/
Ah, Ricardo, cada pessoa tem facilidade com um estilo diferente. Eu, por exemplo, já peno tentando escrever contos com os elementos citados por você.
ResponderExcluirObrigado por gostar do conto e pelo comentário. (:
Grande abraço!
Fiquei absolutamente sem palavras, Arthur. Até agora, considero esse o seu melhor texto. Parabéns! Tudo maravilhoso, não encontrei defeitos. Adorei a perspectiva que você adotou pra narrar a história, às vezes a gente precisa se colocar no lugar dos outros pra sentir os efeitos das nossas ações, como os atos de discriminação que você exemplificou. :)
ResponderExcluirBeijo!
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Obrigado por gostar do texto e pelos elogios, Gabi!
ResponderExcluirQue bom que reparou no detalhe de eu ter escrito esse conto em primeira pessoa; realmente, devemos nos colocar no lugar de quem sofre para conhecer a dimensão do seu sofrimento.
Grande abraço!
Nossa adorei!Gosto muito do que você escreve e este conto trata de um assunto que quase não é falado então meus parabéns! Espero pelo próximo!
ResponderExcluirBeijos
http://conversas-comsorrisosecafes.blogspot.com.br/
Que conto encantador e que delicadeza ao construir os personagens. Você conseguiu passar muita verdade nas sensações dos personagens, a forma como ela sempre viu a síndrome como algo ruim e que afasta pessoas (o que infelizmente é verdade, tem muita gente mesquinha que por se achar "normal" passa a rotular os demais), mas o que mais me encantou no conto foi a naturalidade como ele ver toda a situação, se encantando exatamente por ela, sem qualquer rotulação! Parabéns pelo conto!
ResponderExcluirhttp://joandersonoliveira.blogspot.com.br/