AUTOR: Gabriel García Márquez
EDITORA: Record
PÁGINAS: 286
SINOPSE: José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, um casal de primos, compõem a primeira geração da família Buendía. Fundam o povoado de Macondo ao fugir de sua antiga morada pelo boato de que José Arcadio Buendía não tocava na esposa devido uma superstição de que os filhos gerados por dois familiares poderiam nascer com rabo de porco. Tal mito não se efetiva em nenhum dos filhos do casal, todos nascidos no povoado: José Arcadio, Aureliano e Amaranta. Dos filhos homens, José Arcadio se destaca por ser forte, viril e trabalhador, enquanto Aureliano é calmo, introvertido e filosófico. Novas gerações são adicionadas, tanto na história da família como na da cidade, mas aparentemente sempre seguindo uma regra geral: Os Aurelianos são sempre estudiosos e pacatos, enquanto os José Arcadios sempre são extrovertidos e impulsivos.
A edição que tenho desse livro é a de 1967 (esta da imagem, mesmo ano de publicação do livro); o que quer dizer que as páginas já estão se desfazendo, meia dúzia já estão desgrudadas do restante do livro e a diagramação é péssima. Pensei em apagar mais uma vitrola na nota por conta disso, afinal foi um fato que dificultou minha leitura, mas pensei novamente e cheguei à conclusão que não seria justo diminuir a nota de um livro por um motivo que não seja culpa do autor.
Então porque eu apaguei uma vitrola na nota desse clássico? Além dos pontos já citados, um outro que dificultou bastante a minha leitura foi o tamanho dos parágrafos e, isso, era responsabilidade do autor. Não é difícil encontrar parágrafos que ocupam duas páginas inteiras, talvez isso não me incomodasse tanto numa edição mais trabalhada, mas como a que tenho tem uma letra miúda, eu chegava a demorar uma eternidade em cada página.
"Um minuto de reconciliação tem mais mérito do que toda uma vida de amizade." - Página 196
Dito isso, vamos aos imensuráveis elogios que essa obra merece! Foi o primeiro livro que li nesse ano e posso dizer que não haveria outra maneira de começá-lo melhor. As páginas relatam cem anos da estória da família Buendía, passando por nada menos do que sete gerações, dessa forma, o enredo não é centrado em um personagem apenas, mas em todos os integrantes da estirpe e aos acontecimentos do povoado de Macondo.
"A história da família era uma engrenagem de repetições irreparáveis, uma roda giratória que continuaria dando voltas até a eternidade, se não fosse pelo desgaste progressivo e irremediável do eixo." - Página 272
O livro conta como a cidade recém fundada passou por uma peste da insônia; visitas de ciganos que trazem inventos e mercadorias de diversos lugares do mundo; uma chuva que durou quatro anos, onze meses e dois dias; e um massacre de três mil pessoas, que foram amontoadas em mais de duzentos vagões e sepultadas no fundo do mar (evento esse que remonta a história verídica ocorrida em 1928 em Aracataca, Colômbia, cidade natal de Gabriel García Márquez).
O episódio foi relatado com tantos detalhes que pode ser considerado como uma crítica direta ao massacre de Aracataca. Apesar do detalhismo, a descrição do evento só ocupa quatro páginas, e isso ilustra outra característica dessa obra: Concisão. Gabo (apelido do autor) é o contrário de prolixo. Consegue relatar uma quantidade incrível de fatos em pouquíssimas páginas, tal fato pode ser observado até no nome do livro, afinal são cem anos sendo relatados em menos de 300 páginas.
O livro se enquadra na categoria de realismo fantástico, o que implica que nem tudo o que acontece é intimamente ligado à realidade. A história traz alguns fatos inexplicáveis, como a própria chuva ininterrupta, um personagem que é constantemente seguido por uma vastidão de borboletas amarelas e outro que morre no início da trama mas volta para conversar com alguns membros de outras gerações da família; mas tais fatos não tornam o livro bagunçado nem surreal, na verdade, favorecem a experiência de leitura e enriquecem a obra com passagens ricas, cheias de conotações e alegorias.
"A atmosfera estava tão úmida que os peixes poderiam entrar pelas portas e sair pelas janelas, navegando no ar dos aposentos." - Página 217
Como a resenha já está ficando grande (percebe-se que eu não tenho o dom para a concisão de Gabo), vou apenas justificar o título do livro: A solidão citada refere-se, na verdade, ao tema central da obra. Todos os personagens, não importando em que geração se encontram, está fadado a conviver com ela. Sem mais delongas, quero apenas indicar o livro a quem se interessou e frisar que Gabriel García Márquez ganhou o prêmio nobel de literatura de 1982 com esse livro; portanto, não deixe que o tamanho da letra, a má diagramação das páginas ou os parágrafos imensos interfiram em sua leitura. Cem Anos de Solidão está acima de tudo isso, se estabeleceu na história como um dos melhores livros já escritos e, espero que por indicação minha, se estabeleça também em sua estante como um dos melhores livros que você já leu.
Parabéns pela resenha! Fiquei curiosa; se tiver a oportunidade, com certeza lerei.
ResponderExcluirBjs
http://sete-viidas.blogspot.com
Que bom que consegui despertar sua curiosidade! Haha.
ResponderExcluirNão deixe de ler mesmo, vale cada parágrafo longo.
Abraços.
Tenho muita vontade de ler "Do Amor e Outros Demônios" desse autor, mas me interessei bastante por Cem Anos de Solidão também. Não me entenda mal, mas essa ultima obra me lembra O Morro dos Ventos Uivantes, que é um dos meus livros preferidos de todos os tempos, pelo fato de ter mais de uma geração. E é justamente isso que mais me faz querer lê-lo. :D
ResponderExcluirJá ouvi falarem muito bem de O Morro dos Ventos Uivantes, mas não sabia que o livro trazia mais de uma geração; fiquei interessado em lê-lo, assim como também fiquei com vontade de ler Do Amor e Outros Demônios, que eu não conhecia e li a sinopse agora, haha.
ResponderExcluirGrande abraço!
Oi! ^^
ResponderExcluirNão conhecia o livro!
Tem uma premissa interessante, apesar do fato dos longos parágrafos terem me desanimado bastante. De qualquer forma vou anotar o nome do livro e quem sabe um dia eu leio!
Obrigada pela dica!
Beijuss;
http://hipercriativa.blogspot.com.br/
Não deixe de ler mesmo, este clássico é o segundo mais importante romance hispânico da história. Vale muito a pena lê-lo. :]
ResponderExcluirGrande abraço!
Que legal esse livro! Ainda não conhecia, mas fiquei imensamente curioso em conhecê-lo!
ResponderExcluirhttp://cantinhos2livros.blogspot.com.br/
Amo livros antigos *-*, não necessariamente o conteúdo deles, mas o fato deles serem mais velhos que eu é tão emocionante!
ResponderExcluirAinda não tive o prazer de ter contato com obras da autora, mas meu pai é um grande fã dela e vive pedindo para ler alguma delas.
Beijos,
Lara - whoisllara.com
Estou com esse livro aqui para ler, porém toda vez que pego achando que vou começar, aparece outro que me chama mais a atenção. Adoro Gabriel García Márquez, mas acho que tenho um pouco de receio de ler esse livro, não me pergunte porque...rs
ResponderExcluirMas gostei bastante da sua resenha, e confesso que até me despertou mais curiosidade, quem sabe eu leia logo. =)
Beijos
Li
literalizandosonhos.blogspot.com.br
Guilherme, assim que o conhecer vai ter se arrependido de não tê-lo conhecido antes. Daí voltará aqui e me agradecerá por apresentar ele a você, haha.
ResponderExcluirLara, hahaha, dá até uma falsa nostalgia quando se pega um livro desses pra ler. Mas aí ele começa a esfarelar na sua mão e essa emoção some. Meu pai tem uma gaveta funda cheia de livros assim, que ele leu por volta da década de 80, e de vez em quando eu cato um lá, haha.
Aline, poxa, não deixa ele de lado mais não. O livro às vezes é cansativo, mas não chega a ficar chato em momento algum. Espero que deixe esses lançamentos de lado e olhe para ele novamente, haha. Boa leitura!
Grande abraço aos três!
Arthur, acho que depois de ler sua resenha eu fiquei um pouco mais desesperada pra ir até a biblioteca da minha cidade atrás desse livro. (Até no sebo mais conhecido daqui, ele tá em falta :( ). Espero que leia outras coisas do Gabo; que autor maravilhoso!
ResponderExcluirBeijão
http://acampamentoliterario.blogspot.com.br/
Eu nem sabia que ele era meio raro em livrarias e sebos. Acabei dando sorte por achá-lo na gaveta do meu pai, haha.
ResponderExcluirJá sei que você é fã do Gabo, então nem preciso te recomendar o livro, mas só para confirmar: Não deixe de lê-lo! Hahaha. Quanto a mim, também lerei mais outros dele e resenharei aqui em breve.
Obrigado pelo comentário e grande abraço!
Esse livro é divino! Eu adorei e lerei de novo assim que a faculdade me der uma folga. A narrativa é super interessante bem como a história de cada personagem. Boa resenha!
ResponderExcluirObrigado, Thays! :]
ResponderExcluirRealmente, o livro é fantástico (nos dos sentidos da palavra) e eu também o lerei novamente. No entanto, lerei uma edição mais caprichada, haha.
Grande abraço!