Voltei
do trabalho louca pra tomar um banho, estava um calor de matar e eu
só pensava em me refrescar e então sair pra tomar um sorvete ou uma
cerveja. Abri a porta de casa e...
– Espera
aí, amor! Entra devagar!
Entrei
e fechei a porta depressa, fiquei encostada nela, toda preocupada.
– Droga,
Clara! Perdi o mosquito!
– O
quê? – Reparei que os móveis estavam todos revirados – Marco
Aurélio! Que zona é essa?!
– Calma
aí, você já me fez perder o infeliz, não vai ficar nervosa agora
né?
– Fez
essa arruaça toda só por causa de um mosquito? Onde está com a
cabeça?! Saiba que eu não vou arrumar nada disso!
– Xiiiiiiiiu!
Achei ele! – Ele sussurrou, quase não emitindo som algum.
– Merda!
Perdi ele de novo!
– Tá
mesmo mais preocupado com esse mosquito do que comigo?
– Você
tá bem?
– É
claro que estou bem, mas...
– Então
está ótimo. Cadê aquele bicho?!
Ele
ia agachado pelo chão, procurando o pobre mosquito por toda parte.
– Mosquito
não rasteja, Marco Aurélio.
– Eu
sei né! Mas acho que já consegui machucar ele um pouco, deve estar
debilitado.
– Você
está travando uma guerra mesmo com esse coitado né!
– Coitado
não! Inseto ordinário da natureza!
Ele
andou até um canto da sala e eu pude ver que sua canela estava toda
picada.
– Meu
Deus, amor! – Andei até ele – Esses mosquitos estão te comendo
vivo!
– Ah,
pois é! – Ele deixou de procurar o mosquito por um minuto e me deu
um selinho – Está ali! – falou quase cuspindo minha saliva de
volta na minha cara.
Entrei
pro meu quarto, determinada a tomar meu merecido banho, quando vi uma
aranha enorme pendurada na parede.
– Marco
Aurélio! Tem uma aranha no nosso quarto!
– Cacete,
Clara! Que droga! Espantou o mosquito outra vez!
– Mas
a aranha! Você tá preocupado com esse mosquitinho enquanto tem uma
aranha maior que meu polegar na nossa parede!
– Preocupa
não, a aranha tá do nosso lado.
– O
quê?
Ele
deixou mais uma vez sua caçada e se dirigiu a mim.
– Amor,
aranhas comem mosquitos! Se eu não conseguir pegar o mosquito a
aranha pega!
– Não
acredito que você vai deixar aquela aranha no nosso quarto por causa
de um mosquito! Eu preciso tomar banho!
– Usa
o outro banheiro.
– Nós
nunca usamos o outro banheiro! Ele está com o ralo entupido há uns
dois meses e até hoje você não arrumou!
– É
que...
– Não
venha usar o mosquito como desculpa outra vez!
– Não,
é que o problema do ralo não é que ele está entupido, é com o
encanamento mesmo, levaria muito tempo pra consertar.
– E
por que tá me dizendo pra ir tomar banho lá então?
– Ai,
Clara, estou sendo irônico né! Vai tomar banho no nosso banheiro
mesmo, a aranha não vai sair voando pra cima de você.
– Como
um mosquito faria?
– Exatamente
como um maldito mosquito faria! – E ele voltou a procurar o animal.
Voltei
para o quarto, coloquei apenas a cabeça para dentro e não vi mais a
aranha.
– Ai,
querido! A aranha sumiu!
– Que
ótimo! Então vai tomar banho!
– Não!
Agora é que eu não vou mesmo! Antes eu sabia onde ela estava, agora
ela pode estar em qualquer lugar!
– Você
é complicada, hein, Clara! Deixa só eu matar esse mosquito e vou lá
cuidar da aranha.
– Você
está tentando matar o mosquito há quanto tempo?
– Meia
hora, mais ou menos.
– O
quê?! E até agora nada?
– Quando
eu finalmente achei o safado você chegou né!
– Então
vamos fazer o seguinte, vamos comprar uns inseticidas, bater aqui na
casa e sair pra tomar sorvete enquanto o produto faz o trabalho por
nós.
– Não,
agora eu quero matar o vagabundo!
– Marco
Aurélio, que merda! Por que não podemos fazer isso do jeito mais
fácil?
– Porque
eu dei o meu suor pra matar esse bicho, olha o fuzuê que eu já fiz
nessa casa. Preciso matar esse mosquito eu mesmo. Minha honra depende
disso.
– Que
mané honra, Marco Aurélio?! Se os cavaleiros antigos tivessem
metralhadoras eles não estariam nem ligando pra honra!
– Pode
ser, mas eu sim.
– Ai,
que saco! E eu vou ficar fazendo o que até você achar esse
mosquitinho?
– Podia
tentar me ajudar. Mas se achar, deixa que eu mato.
– Santo
Pai! Fazer o que né...
– Pode
começar por esse quadrante aí.
– O
quê? A cozinha?
– Isso.
– Então
só fala “começa pela cozinha”, não precisa me transportar pro
seu campo de batalha psicótico.
– Tá,
tá... começa pela cozinha.
Me
agachei e comecei a procurar pelo bendito mosquito também.
– Escuta,
mas como ficaria sua honra se a aranha comesse o seu mosquito?
– Bom,
ainda não havia pensado nisso. Seria uma merda. Acho que eu seria
capaz de procurar outro mosquito pra matar.
– Tá
me zoando né?
– Claro.
– Ah
bom.
– Por
quê?
– Porque
achei seu mosquito. E achei minha aranha. E achei uma lagartixa. Mas
nosso gato, o Félix, achou todos eles primeiro.
Autoria: Arthur Dias
***
Nota 1: Quem quiser pegar o texto para uso geral, sinta-se à vontade; apenas me comunique antes e credite o autor (Arthur Dias) e o blog (DiscoDiVinil).
Nota 2: Finjam todos que são grandes críticos de literatura e tentem me orientar: critiquem, sugiram mudanças, apontem meus erros e comentem o que acharam do texto.
Hilário, esse personagem sou eu! eu vivo cravando guerras com os mosquitos daqui de casa!! e nunca consigo matar, até que desisto '-' continue escrevendo! adoro suas publicações!
ResponderExcluirHahaha, somos nós dois então!
ResponderExcluirCaço eles até sumirem, daí quando vou dormir eles voltam. Haha
Muito obrigado por gostar e por comentar, vou começar a publicar duas vezes por semana quando possível.
Grande abraço!
haha, muito bom... fiz isso ontem uff (malditos bichos).
ResponderExcluirMuito legal mesmo Arthur, me avisa sempre que eu corro pra ler.
Bjão
http://nomeiodoslivros.blogspot.com.br/
Adorei, simplesmente adorei! É a minha cara, rs. Muito bom. Continue escrevendo. É difícil eu gostar de algo e dessa vez eu gostei :D
ResponderExcluirBeijos.
http://minhas-serendipidades.blogspot.com.br
Muito obrigado pelos elogios, Lais e Rafaela!
ResponderExcluirGrande abraço!
Adorei o conto Arthur! Acho que sou uma mistura de Clara e Marco Aurélio , fico a mesma coisa para matar aquele maldito bicho que não deixe a gente em paz >< , mas quando vejo uma aranha , também já saio de perto haha.
ResponderExcluirAinda continuo apostando na ideia de continuação , ou uma coleção de contos! Sem dúvida , você tem talento :)
Beijo.
http://livros-com-pipoca.blogspot.com.br/
Obrigado Lí!
ResponderExcluirHaha, acho que todo mundo detesta os mosquitos tanto quanto o Marco Aurélio!
Quanto à continuação, eu ainda não fiz a do primeiro conto, e acho que também não farei. Sou mesmo péssimo para continuações. Estrago toda a história... Mas vou publicando mais muitos contos aqui e acabará formando uma coleção :]
Abraços!
Olá Arthur, MUITO BOM seu conto.
ResponderExcluirJuro, imaginei mil coisas e não conseguia chegar a uma conclusão, você me surpreendeu e para o lado positivo.
É óbvio que isso pode-se esperar de muitos homens, acho que a maioria deles, agiriam dessa forma: "Questão de honra"
Parabéns pelo conto, espero que você continue a escrever mais e nos divirta.
Um beijo.
Oi Bruna,
ResponderExcluirMuito obrigado!
Que ótimo que você gostou da conclusão, porque esse é mais um ponto que eu acabo sempre pecando... Geralmente começo um texto bem, aí ele vai ficando morno e quando vou arrematar, tento pensar numa conclusão que salve o desenvolvimento, mas acabo simplesmente arquivando o conto e partindo pro próximo. Significa muito mesmo pra mim que tenha gostado.
Grande abraço!
Adorei seu conto, Arthur! Consegui imaginar perfeitamente os personagens e eu tava rindo com toda a situação hahaha muito bom mesmo, continue assim!
ResponderExcluirBeijo!
http://livroscomchadastres.blogspot.com.br
Obrigado por comentar, Gabi!
ResponderExcluirQue bom que gostou do conto e das situações.
Tentarei continuar assim xD
Grande abraço!
Hahaha! Adoro contos assim, Arthur, esse está melhor do que o outro. Por favor, faça mais contos, engraçados e cômicos. Adorei! Parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirhttp://blogliterariopalavrasaovento.blogspot.com.br/
Muito obrigado, Samuca!
ResponderExcluirSe este está melhor é sinal de que não estou perdendo a manha ainda, haha. Continuarei publicando contos, talvez lance mais um ainda nesse ano.
Grande abraço!
Hahahahah Adorei o final! Não gosto muito de textos que, em sua maioria, são diálogos, mas realmente funcionou nesse caso, deixou dinâmico, como a situação seria mesmo. Bem divertido, eu gostei (:
ResponderExcluirhttp://sobrelivroseletras.blogspot.com.br/
Obrigado pela aprovação, Aline!
ResponderExcluirGeralmente escrevo mais diálogos que narrações. Não sei por que, mas me canso muito fácil ao ler contos divididos em parágrafos muito longos e que detalham muito os personagens, física a emocionalmente. Prefiro criar personagens planos num primeiro momento e que se aprofundam no decorrer do texto do que já apresentar um personagem completo na introdução. Ainda bem que esse meu método tem funcionado, haha.
Abraços!
HAHAHAHA, adorei!
ResponderExcluir" – Pode começar por esse quadrante aí." ri litros :P
Hahaha
ResponderExcluirQue bom que gostou, Desirée!
Abraços!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKK morri de rir. Me identifiquei com o Marco Aurélio, pq eu adoro matar mosquito kkk E eu fico louca que nem ele, se eu for dormir antes de matar todos que estiverem azucrinando meus ouvidos.
ResponderExcluirEnfim, adorei o senso de humor e o final foi demais haha
Transformou uma coisa simples em algo muito bom, parabéns.
Mar,
http://sonambulismoliterario.blogspot.com.br/
Muito obrigado, Marmel!
ResponderExcluirTambém sou assim, mas eu não tenho tanta perseverança, costumo desistir e deixar o mosquito em paz, até que ele venha me azucrinar de novo! Haha
Grande abraço!
Adorei! Ri demais com a Clara e o Marco Aurélio, definitivamente deveria ter mais contos com eles #FicaaDica ;)
ResponderExcluirBeijo*
http://brunnavieeira.blogspot.com.br/
Haha, pode ser...
ResponderExcluirQuem sabe depois eu coloco eles em mais uma história cômica assim (:
Obrigado por comentar!
Abraços.
Sensacional!
ResponderExcluirUm conto melhor que o outro, definitivamente você leva jeito, Arthur!
Me identifiquei com a Clara. "– Mosquito não rasteja, Marco Aurélio." Ri demaissss! kkkkkk
Muito bom!
Beijos
Aline
literalizandosonhos.blogspot.com.br
Obrigado, Aline! (:
ResponderExcluirGrande abraço!
KKKKKKKKK PQP. Morri com o fim.
ResponderExcluirE eu me vi no lugar do Marco, aliás o mosquito senta em mim e fico toda inchada, mas eu sou a unica que mata mosquitos e todos os insetos que entra em casa (triste realidade). Adorei! Quero mais!
Hahaha
ResponderExcluirAqui em casa pelo menos todo mundo ajuda a matar o mosquito, haha.
Obrigado por gostar e por comentar, vou continuar postando sim, pode esperar ;)
Abraços.
Julgando pelo aspecto literário, ficou bem legal, a cronologia sempre em frente e as pausas que levam o leitor a desgrudar do suspense, quando faz o personagem sair da caçada pra dar atenção à mulher. Parabéns!
ResponderExcluirAbraço, Miguel. Parágrafos e Capítulos.
Muito obrigado pelo comentário e pela análise, Miguel. (:
ResponderExcluirGrande abraço!
Arthur Adorei, eu nunca imaginei que teria aquele fim kkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirParabéns pelo Conto!
Bjs!
http://aculpaedosleitores.blogspot.com.br/
Haha,
ResponderExcluirmuito obrigado!
Grande abraço!
Gostei imenso =) Continua escrevendo e não pares! Bjs
ResponderExcluirhttp://portaoazul.blogspot.pt/
Muito bom...achei engraçado...e parabenizo sua versatilidade em escrever algo completamente diferente um do outro.
ResponderExcluirObrigado pelos elogios, Ana e Pan.
ResponderExcluirAbraços!
Muito bom... gostei mesmo viu...
ResponderExcluirHahahahaha Caramba, muito bom seu conto, parabéns! Ficou super engraçado e o fim foi brilhante! Continue assim. :D
ResponderExcluirBeijos, Lery.
http://lerissakunzler.blogspot.com.br/
"Amor, aranhas comem mosquitos! Se eu não conseguir pegar o mosquito a aranha pega!" adorei essa parte!
ResponderExcluirGostei muito do seu conto, achei bem engraçado. Não costumo gostar de textos que se resumam somente em diálogos, mas gostei muito deste :D
comodevorarlivros.blogspot.com
Olá, boa tarde :D
ResponderExcluirAdorei seu conto! Diferente,engraçado e inusitado *-*
Parabéns, você escrever bem :)
Beijinhos e boas leituras.
Isabelle - http://attraverso-le-pagine.blogspot.com.br/
Meu pai trava guerra contra mosquito quase todos os dias! Ele não sossega enquanto não se livra deles! Já insetos maiores como aranhas e lagartixas, ele não se importa!
ResponderExcluirkkk é nessa hora que um gato faz falta aqui em casa xD
Um grande beijo, vou acompanhar suas publicações ^-^
http://zuttokawaii.blogspot.com.br/
Ótimo! hahaha. Hoje mesmo eu tava doida atrás de um mosquito que não me deixava dormir. Aliás, sempre tem um infeliz querendo me acordar de manhã. Parabéns, adorei! Só que, olha, tenho dois gatos e eles nunca me ajudam, viu? haha
ResponderExcluirBeijos,
http://gotas-de-fogo.blogspot.com.br/
Arthur, você é genial cara!!! Tem talento de verdade! Veja só quantos comentários você conseguiu nos seus posts! E é porque só tem 4 ou 5 contos. Imagine quando você escrever uns cem. E sua desculpa de que não consegue fazer finais satisfatórios, depois desse conto foi por água a baixo! Sua criatividade é fantástica! Quem poderia imaginar que um gato seria o grande herói da história? kkkkkkkkk
ResponderExcluirParabéns!
PS- E não deixe de pensar com carinho em prolongar o conto da simplicidade OK? Sei que em breve você publicará seu livro. E serei um dos que estarão lá na fila pra você autografar. há, há, há, rá....
Ah! Outra coisa que esqueci: na nota 1 dos seus posts, é "credite AO autor e AO blog" OK?
ResponderExcluirE também estou lhe comunicando que vou publicar esses textos lá no meu blog OK? Claro que não poderia deixar de creditar ao autor a autoria. E citarei o blog também lincando o título.
http://verdadesdeumser.blogspot.com.br/ (Verdades de um ser)
Curti, continue escrevendo! Rsrs
ResponderExcluir– Que ótimo! Então vai tomar banho!
ResponderExcluir– Não! Agora é que eu não vou mesmo! Antes eu sabia onde ela estava, agora ela pode estar em qualquer lugar!
Eu ri muito nessa parte. Criativo!
Excelente! haha Muito criativo.
ResponderExcluir